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O meu primeiro carro foi um Porsche

O meu primeiro carro foi um companheiro por apenas dois anos, no entanto fez-me passar por várias peripécias. Se foi um Porsche? Não, mas muitas vezes, em tom de brincadeira o disse e afirmei poder provar, pois bastava abrir o capô e lia-se no motor “System Porsche”.

 

 

A viatura que viveu comigo os primeiros anos de carta foi um Seat Ibiza Crono do ano 1990. Na altura em que foi concebido tinha havido uma colaboração entre a Seat e a Porsche para desenvolver a engenharia dos motores a gasolina, daí haver a inscrição “System Porsche” no motor, o que deu azo a várias brincadeiras. Um carro mais velho que eu e com bastantes peculiaridades, às quais me habituei com alguma dificuldade mas, a carteira não permitia que mudasse para um modelo mais recente.

 

Tal como qualquer jovem, assim que tirei a carta tinha o sonho de ter o meu próprio carro. Para tal, fui ter com o meu pai, que se prontificou a ajudar-me a encontrar um carro para os primeiros tempos. Ele começou por perguntar qual era o orçamento que eu tinha disponível e devia ter sido nessa altura que eu deveria perceber o que me esperava, logo pela sua cara dava para entender que não ia encontrar nenhum carro dos sonhos.

 

Por incrível que pareça, nessa altura havia um familiar que se queria desfazer do seu carro velhinho que, ao saber do meu caso, ofereceu-me o seu fiel companheiro de muitos anos. A verdade é que foi, por quase 25 anos, um carro exemplar na sua performance, mas tinha ficado parado nos últimos 2 anos. A minha reação foi de grande felicidade, mesmo sabendo que teria de gastar algum dinheiro, pelo menos tinha sido oferecido.

 

 

A primeira viagem

 

Este foi o momento em que começaram as peripécias, aliás, quando me recordo dos momentos com o meu belo Porsche consigo ouvir uma trilha sonora circense.

 

A primeira viagem que fiz com o carro, para o ir buscar, foi de quase 200 Km, relembro que se tratava de um carro com mais de 25 anos e parado nos últimos dois. Para começar, quem já conduziu carros antigos sabe que virar o volante com o carro parado é quase equivalente a levantar 100 kg numa máquina de ginásio, mas isso não me desmotivou. Portanto, lá vou eu pelo IC2 a conduzir um carro mais velho que eu, com espelhos retrovisores mínimos, que mal davam para perceber se tinha alguém atrás ou a ultrapassar-me, mas consegui chegar à Benedita no tempo previsto.

 

 

Problemas? Nem os consigo contar

 

Chegada à Benedita, terra que me viu nascer, era altura para fazer uma pequena revisão à viatura. Vesti as roupas mais confortáveis e juntei-me ao meu pai para o ajudar, ou melhor dizendo, fazer cerca de mil perguntas pois eram poucos os conhecimentos que eu tinha sobre mecânica. Trocámos os fluidos do carro e fizemos mais algumas intervenções simples e pronto! Agora eu tinha um carro perfeito para andar… Ou não!

 

O carro tinha cinco portas, e apenas duas davam para abrir. Felizmente uma delas era a do condutor. Mais um detalhe que não me desmotivou, fui comprar as maçanetas das portas e, eu mesma, troquei. Claro que no processo perdi um ou dois parafusos, mas seriam mesmo precisos? Agora sim, já tinha um carro operacional e com portas a funcionar, mesmo que para isso fosse precito ter três chaves no porta-chaves – uma para a porta do condutor, outra para a porta do passageiro e outra para a ignição. Felizmente as portas traseiras não tinham canhão de chave, caso contrário teria de ficar com cinco chaves.

 

O meu Porsche tinha também um temperamento especial quando estava frio, tinha de ser ligado um pouco antes de arrancar e nos primeiros metros precisava de consecutivos pontos de embraiagem para não se ir abaixo. Esta característica valeu-me muitos olhares das pessoas que iam a passar, mas ainda assim, o facto de ter um carro superava estes problemas.

 

Ele tinha também alguma preferência pelo meu pai, acreditava eu. Talvez uma condutora pouco experiente não fosse suficientemente atrativa para ele, mas felizmente, muitas vezes, não precisava realmente da presença dele e bastava a voz. Foram mais de meia dúzia de vezes que o velhote insistia em não ligar, e quando ligava ao meu pai para pedir ajuda, milagrosamente, o carro já funcionava. Confesso que houve alturas que, por brincadeira, já ligava ao meu pai para o pôr a falar com o carro.

 

A temperatura do motor de um carro é algo bastante importante de manter dentro dos parâmetros. Mas como o meu carro tinha problemas em aquecer quando era ligado, pelo menos não teria problemas de sobreaquecimento, certo? Errado! Também sobreaquecia, portanto era a altura de mais uma vez vestir as minhas roupas de mecânica e chamar o meu pai. Nesta altura, num carro velho, é quando se começam a trocar peças e mais peças. Trocámos a bomba de água, o termostato, alguns tubos, a tampa do depósito e por aí em diante.

 

Agora que já está tudo trocado é hora de seguir caminho. Foi quando rumei a casa, em Lisboa, numa zona periférica onde ainda era permitido circular com um carro daquele ano. O facto de não ser proibido circular com o meu velhinho naquela zona não me poupou de ser mandada parar por vários agentes da autoridade. As reações eram várias, desde surpresa a escárnio, cada vez que eu era mandada encostar já esperava de tudo.

 

Passado pouco tempo de ter o meu primeiro carro decidi mudar-me de Lisboa para Leiria. Preparei tudo para a mudança e tinha um carro velho cheio de tralha, um gato e uma viagem de mais de 130 Km pela frente. Como não podia deixar de ser, desses 130 Km fiz apenas cinco, pois o carro voltou a sobreaquecer. Então acabámos por fazer a viagem separados, ele num reboque e eu de táxi.

 

Já em Leiria o meu velhinho continuou a chamar a atenção de muita gente. Pena que por razões menos boas. Houve uma altura em que comecei a estranhar as travagens, mas aquele tinha sido o único carro que eu tinha conduzido desde que tinha a carta, portanto quando o meu pai desvalorizou esta sensação minha acabei por não me importar também. Infelizmente não foi a opção certa, pois o carro ficou SEM TRAVÕES a meio de uma viagem. O resultado foi bater no carro da frente, que por sorte estava lá, visto que foi uma paragem numa passadeira e o que acabou por não fazer qualquer estrago em nenhuma das viaturas podia ter sido um atropelamento.

 

Foi nesta altura que eu percebi o que os leitores talvez tenham entendido nas primeiras cinco linhas deste artigo, que este carro não era uma solução e sim um problema. O meu pai, que adorava o carro, quis ficar com ele (eu sempre soube que a ligação era recíproca) e agora tem um lugar especial na casa dele. Sem circular!

 

Dizem que aprendemos com os erros e assim foi a minha aprendizagem. Depois de falar com um amigo meu, que trabalhava na Benecar, ele lá me convenceu a ir visitar o espaço. Eu fui só para lhe fazer a vontade porque achava que não era para mim, mas o certo é que saí de lá com um carro novo, sem truques nem manhas, e até hoje não me arrependo em nada. Adorei o tempo que tive o meu Porsche porque assim consegui e consigo dar valor ao que tenho agora.

 

 

Publicado por Benecar - Ana Faustino em 2022-06-07
Categoria: Cantinho/Editor
Tag(s): opiniao, Primeiro carro, carros antigos

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